Voltando
ao Brasil, Abdias atua com entidades afro-brasileiras. Quando
organizam o ato público de 1978 contra o racismo, ainda
há um clima de repressão. Enfrentam o desafio e
criam o MNU e o Memorial Zumbi, mobilizando os negros em várias
regiões do país.
O
3º Congresso de Cultura Negra das Américas dá
uma dimensão internacional a essa militância.
Como
deputado, Abdias ajuda a levar as posições do movimento
negro aos presidentes Tancredo Neves e José Sarney e aos
seus ministros. Atua na desapropriação da Serra
da Barriga e na questão das comunidades-quilombos. Leva
à tribuna federal o questionamento do 13 de maio e a definição
do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência
Negra.
Em
1988, o centenário da abolição coincide com
a Assembléia Constituinte, e a repressão policial
à manifestação pública do dia 13 de
maio, no Rio de Janeiro, contrasta com as vitórias alcançadas
na nova Constituição.
O
saldo é positivo: a proposta de políticas públicas
anti-racistas ganha dimensão, legitimidade e apoio. Vários
governos municipais e estaduais instituem assessorias e conselhos
de direitos do negro.
Depois
de 1988, o movimento negro continua crescendo e conquistando posições.
O movimento sindical começa a incorporar essa causa e a
representação parlamentar afro-brasileira amplia-se.
Marcos
importantes são o Tricentenário da Imortalidade
de Zumbi dos Palmares e a 3ª Conferência Mundial Contra
o Racismo.
A
marcha a Brasília, em 1995, a criação de
um grupo no governo para estudar políticas anti-racistas
e o processo de mobilização para a 3ª Conferência
Mundial conduzem à adoção de ações
afirmativas no próprio governo e em algumas universidades
públicas.
O
movimento negro ganha força articulando-se com outros no
Brasil e no mundo. O governo Lula cria a Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
SEPPIR. O tema do racismo, antes silenciado, ganha outra dimensão
de debate na sociedade brasileira.