Em
1944, Abdias funda no Rio de Janeiro o Teatro Experimental do
Negro, que visa reabilitar e valorizar a herança cultural,
identidade e dignidade humana do afrodescendente.
Promove a inclusão do ator, diretor e autor negros num
teatro brasileiro onde é norma brochar o ator branco de
preto quando haja um protagonista negro. Revela o potencial cênico
dos heróis negros e da epopéia afro-brasileira,
até então excluídos da dramaturgia nacional.
Realiza concursos de beleza e atua nas artes plásticas
com o propósito de incluir a mulher negra e a arte negra
no conceito estético brasileiro.
A qualidade artística de suas realizações
atrai a colaboração de intelectuais e artistas destacados,
brancos e negros.
O
Teatro Experimental do Negro une a atuação política
à afirmação da cultura de origem africana,
representando um avanço na luta contra o racismo no século
vinte. Oferece cursos de alfabetização e cultura
geral e organiza eventos como a Convenção Política
do Negro Brasileiro (1945) e o 1º Congresso do Negro Brasileiro
(1950). Cria o Comitê Democrático Afro-Brasileiro
em 1945. Advoga direitos trabalhistas para a empregada doméstica
e políticas públicas afirmativas para a população
afrodescendente, proposta que apresenta à Assembléia
Nacional Constituinte
de 1946.